Havia quem dissesse que o jogo já estava perdido muito antes de o mesmo ser disputado. Não pelo mau momento que estamos a atravessar. Não pela dificuldade do jogo propriamente dito. Não pela boa fase do adversário! Mas sim por aquilo que tem ligado Vitória e FC Porto nos últimos anos: uma autêntica "ponte" negocial que tem evidenciado mais prejuízo do que beneficio. Mas de longe... Relativamente ao jogo, o Vitória não jogou mal mas foi derrotado de uma forma justa. Tiquinho Soares - sim, ele mesmo - acabou por ser um dos protagonistas no triunfo dos azuis brancos por duas bolas a zero. Algo que não deixa de ser irónico e que, em boa verdade, era claramente evitável.
Foi novamente ao som de "Sou Vitória" que as equipas entraram em campo. Um ambiente espetacular nas bancadas com mais de 20 mil vitorianos a tentar empurrar a equipa para a glória. Mesmo sem Marega e sem Hernâni que estavam impedidos de jogar frente ao clube que os emprestou, esperava-se que um Vitória desfalcado desse luta a um adversário que ia a Guimarães sem qualquer baixa. Desde logo, e nesse sentido, era caso para dizer que estávamos condicionados.
A primeira oportunidade pertenceu aos portistas, por intermédio de Maxi. Rafael Martins respondeu logo de seguida com um remate de fora da área que passou um pouco ao lado da baliza de Casillas. O jogo estava a ser cada vez mais disputado no meio campo e com poucas oportunidades, de parte a parte. À passagem do minuto 36', depois de um cruzamento do lado esquerdo, a bola sobrou para Herrera, ainda passou por André Silva e Tiquinho Soares ficou na cara de Douglas, tendo atirado para o primeiro golo da partida. Não festejou. Bruno Gaspar acabou por colocar o avançado brasileiro em jogo... O Vitória reagiu! Com intensidade. Mas sem qualquer efeito. Ainda que seja de salientar a oportunidade de Raphinha à beira do intervalo com a bola a passar a centímetros do poste esquerdo.
Na segunda parte, o Vitória atacou para a baliza do topo sul e esperava-se que isso fosse uma espécie de motivação para que os conquistadores chegassem ao tão desejado golo. No entanto, a ineficácia voltou a assombrar o castelo. Aos 52 minutos, depois de uma excelente jogada em transição, Raphinha cruzou rasteiro para a área e nenhuma das três referências ofensivas do Vitória na grande área conseguiu finalizar o lance em golo. O Vitória não desistiu e persistiu, mas raramente com perigo. Celis ainda dispôs de uma oportunidade para empatar e na sequência desse lance Bernard fez de defesa e não permitiu que um remate de Bruno Gaspar à entrada da área levasse a direção da baliza. A verdade é que ia lá para dentro caso Casillas não se opusesse de forma eficaz. Pura infelicidade. O Porto ia tentando jogar no contra-ataque e antes de fazer o 0-2 final ainda dispuseram de duas oportunidades perigosas. Aos 85 minutos, numa tentativa de lançar a equipa para o ataque de forma veloz, Douglas entregou a bola à defesa adversária que, com muita serenidade, construiu a jogada do segundo e último golo pelo corredor central, furando a defesa vitoriana de uma forma nunca vista.
Os conquistadores, apesar de nem terem jogado mal, acabaram por merecer a derrota. Ainda que o mais justo talvez tivesse sido uma derrota pela margem mínima e não por dois golos de diferença. Desde a época 2012/2013 que o Porto não vencia em Guimarães em jogos oficiais, ainda que na pré-época também tenham vencido pelo mesmo resultado do jogo de hoje. O Vitória já não marca golos há 3 jogos. Há 21 dias que não festejamos qualquer golo. E imagine-se só quem foi o marcador do último golo... Exatamente, Tiquinho Soares. Naquele que foi o seu último jogo de Rei ao peito. No ano de 2017 já disputámos 9 jogos e só marcámos...em 3. Excessiva ineficácia que terá que ser contrariada o mais rapidamente possível. O Marítimo pode ficar a um ponto ainda nesta jornada. O que esperar da segunda volta?
Ora, relativamente à expressão "ironia do destino". Não é segredo para ninguém que, ao longo dos últimos anos, os dirigentes de Vitória e FC Porto têm evidenciado a sua simpatia mútua através de inúmeros negócios. Negócios esses que, na sua generalidade, em nada beneficiam o nosso Vitória. Bem pelo contrário. A lei é clara e os jogadores emprestados não podem defrontar o clube que os emprestou. E eu até sou defensor dessa medida que entrou em vigor na época passada. No entanto, como vitoriano, não sou nada defensor desta massificação no que toca à política de empréstimos. É inegável que muitos dos emprestados que chegam a Guimarães até têm qualidade. Mas o que é demais...cheira mal. E o Vitória é um clube com identidade própria, portanto há que tirar partido disso. Ainda para mais quando é um facto cada vez mais notório que temos uma das melhores formações do país, capaz de potencializar as qualidades dos seus atletas. Não fossem algumas vendas com valores extremamente ridículos e até podíamos reunir verbas mais do que suficientes para comprar jogadores de alto calibre, cumprindo em simultâneo, o desejável fair-play financeiro.
Com isto, apenas pretendo realçar que nem sempre estou de acordo com a política financeira - ou falta dela - do nosso clube. Ora, se é verdade que o Porto tem sido protagonista relativamente aos emprestados que o Vitória recebe, também é verdade que o nosso clube já de há uns anos para cá tem formado e potencializado jogadores de forma a que estes acabem por ir parar aos azuis e brancos. Ricardo Pereira, Tiago Rodrigues, Hernâni, André André e Tiquinho Soares são a prova disso mesmo. Além de maior parte ter quebrado o rendimento que vinha a ter até à respetiva venda, não deixa de ser um facto interessante - pouco interessante, aliás - que nenhum destes cinco jogadores rendeu mais de 4M ao nosso clube. Três deles até saíram por menos de 2M. E isto é o que dá passar a vida em saldos... Uma autêntica "ponte negocial" entre Vitória e Porto que em pouco (ou nada) tem beneficiado a formação do berço. Ainda que alguns jogadores emprestados pelos portistas - Abdoulaye, Otávio, Licá e Marega - tenham dado o seu contributo linear em prol do clube, nada "compensa" as péssimas decisões na altura de vender. À primeira moedinha oferecida...vendemos logo. Algo que, a meu ver, de correto não tem rigorosamente nada.
De modo a aquecer o duelo escaldante entre vitorianos e portistas no desporto-rei, as formações de basquetebol de ambos os clubes defrontaram-se no Dragão Caixa exatamente vinte e quatro horas antes da partida de futebol disputada no Estádio D.Afonso Henriques. O Vitória até começou bem tendo feito um excelente primeiro período. Pouco depois, a formação da casa passou para a frente do marcador e não mais de lá saiu. 92-71 foi o resultado final. Os conquistadores ocupam a 3ª posição a 3 pontos do líder...FC Porto.
No voleibol , o Vitória recebeu e venceu o Esmoriz por 3-1 com os parciais de 25-22, 23-25, 25-17 e 25-17. Os conquistadores seguem agora no 5ºlugar, em igualdade pontual com o 6º classificado - o adversário de hoje - e muito distantes do Castelo da Maia que ocupa a 4ª posição.
ACONTEÇA O QUE ACONTECER, SOU DO VITÓRIA ATÉ MORRER!