A cara de quem perde é muito diferente da cara de quem ganha. E a verdade é que a sorte não esteve do nosso lado. O Vitória dispôs das melhores oportunidades na primeira parte, mas o Benfica acabou por ser eficaz no segundo tempo, marcando dois golos num espaço de cinco minutos. Não conseguimos o mais importante: vencer dentro das quatro linhas e trazer o caneco. Falhámos ao tentar colocar a cereja no topo do bolo, mas não falhámos no apoio. Aliás, nesse aspeto...goleámos! Os cerca de 14 mil vitorianos que marcaram presença no Estádio Nacional foram incansáveis no apoio à equipa, mesmo debaixo de uma chuva intensa. Apoio esse que se acentuou ainda mais quando os conquistadores se encontravam a perder por dois golos de diferença. Um abafo do outro mundo!
As cidades de Guimarães e Lisboa estão separadas por cerca de 400 km de distância. Foram 220 os autocarros que transportaram milhares de vitorianos até ao Jamor, fora os adeptos que utilizaram, por opção, os seus próprios veículos. Uma multidão do Berço da Nação com vontade de reviver o ambiente festivo da Prova Rainha, com vontade de repetir o feito histórico de 2013. Só não foram mais porque não deixaram. Esses lá tiveram que ficar pelo Toural...
Rescaldo do jogo:
Faltava ainda uma hora e meia para o início do jogo e a bancada destinada aos vitorianos, a do topo sul, já estava completamente cheia. Pedro Martins decidiu fazer duas mudanças relativamente ao "onze" que apresentou no Estádio da Luz: Miguel Silva entrou para o lugar de Douglas e Raphinha 'roubou' o lugar a Texeira, deslocando Marega para o meio, como ponta de lança.
A primeira jogada ofensiva até pertenceu ao Vitória com um remate desenquadrado de Hurtado aos 2 minutos. Luisão, na sequência de um livre batido por Pizzi, tentou responder, naquela que foi a única ocasião de golo dos encarnados no primeiro tempo. O número de faltas cometidas ia aumentando e o jogo ia aquecendo aos poucos... Bruno Gaspar e Marega foram amarelados a meio da primeira parte. O primeiro mal exibido. O segundo bem mostrado, até porque Marega acabou mesmo por lesionar Fejsa, dando lugar a Samaris (um jogador que nem convocado deveria estar).
Hernâni esteve perto de inaugurar o marcador com um pontapé de bicicleta. Na sequência desse lance, Raphinha cruzou para a área e o cabeceamento de Rafael Miranda passou a centímetros da baliza de Ederson. À beira do intervalo, Hurtado lesionou-se e acabou por ser substituído por Celis. Uma primeira parte intensa, mas nem sempre bem jogada, com muitas cautelas defensivas, de parte a parte. Ainda assim, o Vitória merecia ter ido para o intervalo com outro resultado porque fez 45 minutos irrepreensíveis, com critério nas saídas, faltando apenas o tal sucesso no último passe. Algo que, a acontecer, levaria Pedro Martins a adotar uma outra estratégia no que restaria do jogo.
Na segunda parte, uma má entrada da formação vitoriana acabou por ter influência direta no resultado final. O sonho descambou em cinco minutos. Aos 48', Jonas rematou de longe para uma defesa incompleta de Miguel Silva e Jimenez, na recarga, picou a bola sobre o guardião português. Cinco minutos depois, Nelson Semedo teve todo o tempo do mundo para cruzar para a área onde apareceu Salvio que cabeceou para o 2-0. Um enorme murro no estômago. À semelhança dos jogos mais recentes com o Benfica, após um golo sofrido, vinha outro logo a seguir. Foi assim em Guimarães e na Luz.
Pedro Martins arriscou tudo o que tinha. Konan foi substituído por Texeira, já Sturgeon substituiu Hernâni devido a (outra!) lesão. Substituições que davam a entender que o Vitória iria passar a jogar em 3-5-2 ou 3-4-3, com Rafael Miranda a fazer de central. O Vitória tentava tirar proveito das bolas paradas... Um livre direto cobrado por Marega passou a rasar o poste da baliza dos encarnados. Minutos depois, Jonas, a passe de Grimaldo, esteve perto de fazer o terceiro, tendo atirado a bola à barra. Decorria o minuto 76', quando Raphinha trocou as voltas a Nelson Semedo e ofereceu a bola a Texeira, sendo que Samaris chegou a tempo de cortar a bola para canto. Na sequência desse lance, Raphinha cruzou para a área, Zungu apareceu solto e reduziu para o 2-1. Um golo que fazia renascer a esperança, marcado precisamente no mesmo minuto que o primeiro da final de 2013.
Quatro anos depois, finalmente lá conseguimos marcar ao Benfica. No entanto, não foi suficiente para levar o jogo para prolongamento. Pizzi e Jimenez tiveram uma oportunidade para sentenciar a partida e não conseguiram. Na reta final do encontro, o Vitória tentava chegar à área dos encarnados, mas quase sempre sem sucesso. De realçar a exibição de Bruno Gaspar, excelente em todos os aspetos. Os conquistadores não tiveram a sorte de chegar ao empate, com o intuito de levar o jogo para prolongamento. Mas voltaremos lá... Em breve! O árbitro Hugo Miguel fez uma boa arbitragem e o video-árbitro apenas confirmou as suas boas decisões, no que diz respeito aos dois lances mais contestados.
Nota final:
Mal suou o apito de Hugo Miguel, vários jogadores do Vitória caíram sobre o relvado, enquanto choravam compulsivamente. Porque sofreram muito para lá chegar! Porque sabiam que tinham um plantel à altura de conquistar o troféu! Porque era um sonho de todos os jogadores, equipa técnica, direção e, especialmente, adeptos! O momento mais alto da tarde foi o brutal apoio que os vitorianos deram ao seu clube do coração, quer enquanto perdiam, quer quando o jogo terminou. Debaixo de chuva, o ambiente protagonizado no topo sul foi sensacional. A frase épica de Carlos Daniel "Eles (adeptos) tornaram-se ídolos dos seus ídolos" não podia fazer mais sentido... O próprio Pedro Martins disse que o dia ficaria na memória dos jogadores, não pela derrota na final, mas sim pela reação dos adeptos que entoaram vários cânticos no final do jogo e, também, pelo Viking-Clap protagonizado por adeptos e jogadores. Não se festejou uma derrota, como é lógico. Foi um agradecimento devido à época realizada. Uma demonstração de fidelidade a um só emblema, na glória ou no inferno.
Durante o jogo, uns só cantavam quando marcavam, outros cantavam como se não houvesse amanhã, independentemente do resultado. Nós, adeptos do Vitória, merecíamos a Taça! O percurso feito até ao Jamor assim o exigia. Mas uma coisa é certa, tanto os jogadores, como a massa associativa, deram tudo o que tinham a dar. Infelizmente, não foi possível repetir o feito histórico de há quatro anos atrás. Júlio Mendes, em declarações aos órgãos de comunicação social, não teve receio em afirmar que no próximo ano o Vitória iria marcar nova presença no Jamor (que assim seja!), acrescentando ainda que podemos não ser o maior, mas sim o melhor clube de Portugal. Nota ainda para o fair-play da equipa do Vitória, ao assistirem à entrega do troféu ao adversário. Algo que, há quatro anos atrás, não aconteceu com o plantel do Benfica enquanto, lá em cima, os conquistadores erguiam a primeira Taça de Portugal da história.
Os milhares de vitorianos que se deslocaram a Lisboa saíram do estádio encharcados, e também desiludidos com o resultado final, certamente... Mas com a convicção de quem faria 400 km (800 no total) novamente. Mesmo que lhes dissessem que ia chover e que iam perder o jogo. Não somos adeptos de vitórias, mas sim do Vitória. Grandes são aqueles que não precisam de títulos para arrastar multidões. E o Vitória é um dos melhores exemplos disso mesmo. O único em Portugal. O "el mito" não para de surpreender... Preparem-se, isto não fica por aqui!
ACONTEÇA O QUE ACONTECER, SOU DO VITÓRIA ATÉ MORRER!
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