segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Porquê...?

Aquando da sua apresentação como treinador do Vitória, em maio de 2016, Pedro Martins confessou estar na sua cadeira de sonho com o intuito de voltar a representar o emblema vimaranense, cerca de duas décadas depois após a sua passagem enquanto jogador profissional. Pois bem, isso concretizou-se, é um facto. Ontem, terminou. Pior. Saiu pela porta pequena...

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Foto: O Jogo
"Quero colocar o Vitória no lugar onde merece estar" foi uma das suas declarações mais marcantes na altura, assim como ter afirmado que ia fazer de tudo para que o clube continuasse a ser uma referência no futebol português. Na época passada, cumpriu. Com distinção. Na presente temporada, nem por isso, algo que se explica essencialmente por fatores de outra ordem, não tanto da sua competência. A falta de planeamento, tantas vezes mencionada no verão passado e igualmente habitual em épocas de competições europeias, acabou por ser crucial naquele que é o atual panorama e, diga-se de passagem, negativo. Muito negativo.
O técnico de 47 anos, caracterizado como sendo um homem exemplar, competente, ambicioso e determinado, quebrou vários enguiços e recordes, nomeadamente na época transata. Totalizou 36 vitórias, 15 empates e 29 derrotas em 80 jogos oficiais. Números que merecem alguma consideração, bem como o recorde de sete vitórias consecutivas no campeonato e o facto de ter igualado a melhor pontuação da história (62 pontos), também alcançada em 1995/96. Sem esquecer também a devolução do 4º lugar na temporada passada e a ida a mais uma final da Taça de Portugal. Não deixa também de ser curioso que o seu jogo de estreia foi uma receção ao grande rival, assim como a partida que marcou a sua despedida e que entrou para a história pelos piores motivos.
Júlio Mendes não clarificou se o treinador se demitiu ou se foi realmente despedido mas, a meu ver, uma coisa parece certa. Pedro Martins foi, talvez, o menor dos culpados deste insucesso. Porque teve à sua disposição um plantel de qualidade claramente inferior em relação a 2016/17. Porque esse mesmo plantel fornecia escassas alternativas para uma eventual (ou melhor, necessária) gestão, dado o número de competições (cinco!) no arranque da época. Porque os supostos 13 milhões foram muito mal investidos! A culpa principal de todo este fracasso tem um nome. E não, não é Pedro Martins.
Não obstante a tudo isto, a verdade é que este Vitória perdeu metade dos jogos que realizou na presente temporada, contando com um dos piores registos defensivo dos últimos anos. 69 golos sofridos em 36 partidas. Perdemos a supertaça para o Benfica, bastante fragilizado na altura. Ficámos em 4º lugar na fase de grupos da Liga Europa. Fomos atirados para fora da Taça de Portugal nos "oitavos". E fomos eliminados da Taça da Liga num grupo claramente acessível. O desgaste físico, na altura, só agravou o cenário. Só nos restava (ou resta) a Liga e até mesmo aí o objetivo já não iria além de um simples 5º lugar. Sim, simples. A História do Vitória exige mais. Por estas e outras razões (como alguns resultados que nos envergonharam), Pedro Martins abandonou ontem o comando técnico dos conquistadores, a onze jornadas do fim da época.
Nos bons ou nos maus momentos, com ou sem discursos encomendados, com ou sem uma voz de desalento e falta de confiança perante as condições reunidas, só nos resta agradecer o trabalho que Pedro Martins desenvolveu enquanto nosso timoneiro. O Vitória está e estará sempre acima de qualquer um dos seus elementos, independente da relevância que os mesmos possam eventualmente assumir enquanto defensores das nossas cores, e este é um dos nomes que será sempre acarinhado pelas gentes de Guimarães e que nunca será dissociado da época 2016/17. Sem qualquer conquista, mas uma das melhores épocas dos últimos tempos.

Obrigado, míster!

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